terça-feira, 7 de maio de 2013

Primeiras imagens do fundo do Oceano Atlântico Sul são divulgadas

Algumas das imagens feitas a 4,2 mil metros de profundidade, onde ninguém esteve antes. Cientistas japoneses e brasileiros, entre eles dois pesquisadores da Universidade do Vale do Itajaí | Univali, estão vasculhando o leito do mar a bordo de um super submarino e explorando uma das regiões mais desconhecidas do planeta.

sábado, 4 de maio de 2013

Expedição Iata-Piuna. Encerramento

Após o mergulho em Coral Gardens, o Npq Yokosuka encontrou mais uma boa oportunidade para explorar a Elevação do Rio Grande no dia 2 de maio. Antes disso a região chamada de "Pockmark" foi explorada pela câmera rebocada (Deep Tow Camera) pois novamente as condições climáticas não eram seguras para a operação do Shinkai 6500. Assim, o último mergulho antes da nossa partida definitiva para o Brasil ocorreu em uma localidade chamada "Granito", local onde tinha-se uma expectativa de se confirmar a presença de rochas continentais no meio do oceano.


O último aquanauta foi o Dr. Hiroshi Kitazato, o chefe científico e um dos mentores da expedição "Iata-piuna". Viu-se mais um belo mergulho, com muita vida e cenários surpreendentes, além de muitas amostras biológicas e geológicas. O dia seguinte, já com  NPq Yokosuka navegando com potência máxima rumo a Baía de Guanabara, foi de atividade intensa e focada na organização de toda a informação e amostras coletadas ao longo dos 7 mergulhos realizados além dos perfís de deep tow.


Mas ao cair da tarde, há poucas horas da cidade maravilhosa, o Yokosuka parou e ofereceu a todos uma "churrasco" de confraternização e de celebração desta primeira etapa da expedição ”Iata-piuna". Um momento de muitas fotos, homenagens e abraços. Uma oportunidade de reflexão não apenas dos feitos científicos, pioneiros na história das ciências marinhas do Brasil, mas também das lições de companheirismo, eficiência, solidariedade, simplicidade e amizade que esse grande povo nos ofereceu.


Amanhã estaremos no Rio de Janeiro, onde encontraremos autoridades de diversos segmentos da administração dos dois países e também da mídia. Estaremos prontos para contar e mostrar o que vimos e fizemos. Mas acima de tudo externar nossa expectativa de que esse não seja o fim, mas sim o começo de uma era de exploração das profundezas do Atlântico Sul.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Jardim dos Corais

São 9h da manhã (8h no Brasil) e o Shinkai 6500 está se preparando para o primeiro mergulho na Elevação do Rio Grande. É a vez do professor e pesquisador da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Jose Angel Alvarez Perez, explorar o ponto chamado de "Coral Garden" devido a expectativa de se encontrar concentrações de corais de águas profundas nessa área. Às 11h o submersível toca o fundo do canyon a 1.251 metros de profundidade e encontra-se em uma temperatura ambiente de 3,2°C. Seguindo o plano, inicia o processo de coleta de água e de sedimentos com nove testemunhos, processo vigiado por três grandes enguias (Família Synaphobranchidae) que se a aproximam atraídas pela luz.


Cumprida a primeira missão o Shinkai inicia a subida da encosta do canyon onde paredes rochosas quase verticais se elevam formando grandes precipícios. Paredes estas recobertas por corais reluzentes de forma arborescente e que são o habitat de muitas outras espécies, um verdadeiro jardim sustentado pela corrente que traz alimento para todas as formas de vida. No topo da colina o ambiente se transforma num "planalto" de fundo rochoso onde a corrente é ainda mais forte fluindo em direção ao borde do canyon. Apenas pequenos corais são observados além de muitos peixes, lagostas, caranguejos, esponjas e ouriços.


Às 17h o Shinkai volta a superfície carregado de ideias e amostras que podem revelar mais sobre a diversidade e sobre como a vida é possível no topo dessa grande montanha submersa do Atlântico Sul. Angel Perez mal consegue acreditar na riqueza de vida que teve a chance de presenciar, e recebe seu merecido banho de água fria, o "batismo" de mais um cientista a observar, pela primeira vez, e com os próprios olhos, o mar profundo.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. De volta a Elevação do Rio Grande


Predestinado a completar sua missão o NPq Yokozuka amanheceu na rota da Elevação do Rio Grande em um último esforço para conseguir dados nessa área, tão importante para o projeto cruzeiro Iata-Piuna. As 16h atingiu a posição do ponto de mergulho chamado de "Coral Garden" (Jardim de Coral) sobre a Elevação do Rio Grande que inclui a exploração e uma das "paredes" do canyon central. Este ponto foi inicialmente selecionado pois estudos anteriores realizados pelo Serviço Geológico Brasileiro teriam apontado para a presença de corais de profundidade (ou corais de águas frias).


Assim procedeu-se imediatamente a realização de linhas de mapeamento com a sonda multifeixe e consequentemente a descrição completa da topografia do fundo e consequente revisão do plano de mergulho a ser realizado amanhã. A ideia é descer ao ponto mais profundo do canyon (1200 m) e prosseguir rumo Norte subindo a parede lateral do canyon até sua borda a 600m de profundidade, um dos pontos mais rasos da Elevação do Rio Grande.


Para essa missão foi escalado o professor e pesquisador da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Jose Angel Alvarez Perez, que tem se dedicado ao estudo da Elevação no âmbito do projeto Mar-Eco Atlântico Sul (Censo da Vida Marinha) e em parceria com o Serviço Geológico Brasileiro (CPRM). O mergulho depende ainda de uma confirmação das condições climáticas apenas possível algumas horas antes do horário planejado para o mergulho. Mais uma vez a expectativa toma conta da equipe de cientistas a bordo do Yokozuka.

Lego tem versão do Shinkai 6500 para colecionadores


Em fevereiro de 2011, colecionadores japoneses de Lego foram surpreendidos com um lançamento exclusivo no país. Era uma réplica do Shinkai 6500, submarino tripulado que chega a 6,5 mil metros de profundidade para estudar o fundo do mar. Com 413 peças, o submarino, com produção limitada de 10 mil unidades, foi um marco nos 79 anos de história da Lego. Pela primeira vez, a concepção do brinquedo não saiu dos portões da sede da empresa, na pequena Billund, cidade de cerca de 10 mil habitantes no sul da Dinamarca. O lançamento da versão do Shinkai 6500, para montar, foi fruto do engajamento e da criatividade dos fãs da Lego e do Shinkai.


Tudo começou no Cuusoo.com, site colaborativo que reúne, divulga e vende ideias de novos produtos a empresas como Nissan e Sony. Funciona assim: os usuários entram com as sugestões, que são submetidas a votação pelos membros. O Cuusoo apresenta as ideias mais votadas aos parceiros, que decidem se as lançam em escala industrial, pagando uma porcentagem do lucro ao criador. Foi o que aconteceu com o Shinkai. O projeto do usuário conhecido apenas como @guy ganhou o apoio de 10 mil membros. A Lego abraçou a causa e lançou seu primeiro produto oficial criado por um fã. O submarino foi um novo passo de um caminho que a empresa vinha traçando desde meados de 1998. Ao abrir a porta para a inventividade dos fãs, a Lego se recriou. E chegou a um patamar de lucro e relevância em que nunca havia estado.

A informação é daqui.

domingo, 28 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Pausa nos mergulhos

Infelizmente, o tempo deu indícios de que iria piorar no final do dia. Assim, o mergulho de número #1338 do aquanauta/cientista japonês - Takashi Toyofuku foi cancelado. Tal ação era necessária, uma vez que a segurança da operação é ponto primordial. Apesar disto, o grupo de operação japonês se prontificou a colocar no local de mergulho uma "Deep Tow Camera" (DT), equipamento rebocado pela embarcação que coleta imagens. Assim, o DT foi colocado na água e desceu (40m/min.) por meio de um cabo eletromecânico (com fibra óptica) até aproximadamente 3.200m.


A proposta era dar continuidade ao transecto iniciado no dia anterior. Desta forma, teríamos o perfil completo (4200-2210m) também daquela região da Dorsal de São Paulo, o que incrementa nosso conhecimento a diversidade biológica e a formação geológica daquela região.


Após quase 5h de operação foram percorridos 3,7km ao longo de uma elevação de cerca de 1.200m. Foi observada uma paisagem com grande areas de fundo sedimentar, nas quais puderam ser encontrados camarões, peixes, ofiuroides e corais ao longo da subida. Algumas amostras de corais puderam ser recuperados por meio de uma pequena draga lançada pelo DT no final do percurso.


Após a recuperação do equipamento, o navio Yokosuka iniciou o seu deslocamento para a Elevação do Rio Grande. Esta viagem demorará pouco menos de um dia, tempo este que a equipe abordo usará para dar continuidade nas análises do material já coletado, bem como fechar o planejamento para os próximos mergulhos.

sábado, 27 de abril de 2013

Expedição Iata-Piuna. Quinto dia de mergulho

Devido as boas condições meteorológicas, pudemos novamente desde cedo nos organizar para um novo dia de mergulho. Apesar de grande parte dos cientistas ter ficado até tarde processando as amostras do dia anterior, o grupo estava a postos quando o geólogo Eugenio P. Frazão, do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM), entrou no Shinkai 6500.


Desta vez, o local era ainda junto a Dorsal de São Paulo, entretanto 50km a oeste em relação ao primeiro ponto investigado. Novamente, a organização e precisão da equipe do Shinkai 6500, fez com que processo de mergulho iniciasse precisamente as 9h como nos demais dias. Uma vez colocado na água, o mesmo submergiu até 4.061m de profundidade em uma velocidade média de 50m/min.


Na base da Dorsal encontrou um fundo oceânico bem sedimentar, o qual apresentava marcas indicativas da presença de corrente forte naquela região (Ripple Marks). A principal massa de água no local/profundidade é Água Antártica de Fundo, a qual é bem gelada (0,6ºC). Apesar disto, os aquanautas não sofrem com a baixa temperatura, uma vez que os equipamentos dentro do submersível geram calor.

Além disso, os mergulhadores também vestem uma roupa especial anti-chamas que os protegem ainda mais do eventual frio. Um grande peixe se aproximou do Shinkai 6500 e foi registrado brevemente pelas câmeras de vídeo e foto. Especulamos se tratar da espécie Dissostichus eleginoides, a "merluza negra" que é um recurso pesqueiro de águas profundas nas montanhas submarinas do lado leste do Atlântico Sul Dorsal Walvis) e também do Oceano Antártico.